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Terra e água são mundos completamente distintos. Mas quando se trata do Sertões, há bem mais em comum do que possa parecer entre o maior rally das Américas e o 1º. Sertões Kitesurf Rio Grande do Norte, primeiro rally de kitesurf de longa distância do mundo, num percurso de 500 km, em cinco dias (9 a 13/10), partindo de Touros/RN rumo ao Preá/CE.
A começar por personagens intimamente ligados ao desafio sobre rodas que resolveram encarar a aventura de velejar pelo litoral de Rio Grande do Norte e Ceará e vivem uma emoção diferente. Dois deles, aliás, mal tiraram a poeira e trocaram capacete e luvas por um vestuário mais leve. Sylvio de Barros deixou de lado a picape Toyota Hilux V8 IMA com que foi terceiro colocado entre os carros no Sertões 100% Nordeste e agora se deixa conduzir pelo vento na categoria Adventure. Mesmo caso de Alex Buchheim, acostumado a rasgar os sertões de UTV.
O primeiro entre os 81 inscritos a garantir presença no Sertões Kitesurf também reúne múltiplas histórias pelos caminhos acidentados. Mineiro radicado em Florianópolis há 15 anos, Luís Haas disputou ralis de moto, inclusive no exterior, fez o Sertões sobre duas rodas em 1997 e chefiou a equipe Off-Limits Chevrolet, que alinhava as lendárias picapes S10 "Mad Max" e venceu o Sertões três vezes na geral. Em vez de gerenciar um time que precisa trabalhar de forma coordenada, a experiência desta vez é de cuidar do próprio equipamento e administrar o desgaste físico para brigar por um lugar no pódio da Master.
Semelhanças também quando o assunto é a cronometragem e o rastreamento dos competidores - e não só pelo fato de serem feitos pela mesma empresa (a Chronosat). Se carros, motos, UTVs e quadriciclos contam com equipamentos de monitoramento por GPS, o mesmo acontece com os kites. E também há um dispositivo para alertar a organização sobre possíveis problemas e a necessidade de resgate. O Stella usado em terra firme dá ao lugar ao Spot. Que dispensa a funcionalidade do sinal sonoro para alertar quem vai à frente e solicitar a ultrapassagem - no mar não é preciso 'buzinar', já que há espaço para todos.
Como foi a 3ª. etapa
Como uma das características de qualquer rally é a imprevisibilidade, a segunda-feira foi de ventos fracos no percurso entre Canoa Quebrada e a Praia de Uruaú, em Beberibe. O que exigiu kites maiores, melhores para essa condição e, ainda assim, muito trabalho para avançar. Um dos prejudicados com as condições desfavoráveis foi justamente o cearense Yaron Souza Moura, que liderou a prova na Elite nos dois primeiros dias. Sem conseguir avançar, acabou saindo do mar após o check point de Parajuru. A dificuldade tirou vários competidores da etapa.
O carioca Reno Romeu conseguiu lidar bem com o cenário do dia para vencer pelo segundo dia consecutivo na Elite e assumir a liderança na classificação geral. Superou Francisco de Salles Brito, de São Miguel do Gostoso, que mostra a força do kitesurf do Rio Grande do Norte. O cearense Francisco Dionatan, o Chicão, confirmou a constância, com o terceiro lugar - o cearense é só animação no kite ou fora dele. No feminino, Marcela Witt se recuperou da penalização da véspera para vencer pela primeira vez e exibir o habitual sorriso largo. Dois competidores da Adventure conseguiram completar: vitória de Gustavo Foester, seguido por Eduardo Hargreaves. E um na Master: Fernando Giestas.
O que vem pela frente - 4ª etapa - 12/10 – terça-feira:
São Gonçalo do Amarante/Porto do Pecem (CE) > Amontada/Praia de Icaraizinho (CE)
127 KM.
O penúltimo dia do Sertões Kitesurf Rio Grande do Norte traz consigo a etapa Pecém. Que começa do porto de mesmo nome, em São Gonçalo do Amarante - os competidores se deslocam de ônibus desde a Praia de Uruaú, em Beberibe, em que passaram a noite. O primeiro check point e time target está na Praia da Lagoinha, em Paraipaba, um dos principais cartões-postais do litoral cearense. O segundo, na Praia de Guajiru, em Trairi, marca o fim do percurso para Adventure e Master (70km). A região é conhecida pelas barreiras de coral que proporcionam águas calmas aos banhistas. A Elite tem pela frente outros 57km até a Praia de Icaraizinho, em Amontada, que recebe a Vila Kite.
'Aspas'
Sylvio de Barros
"O Sertões Kitesurf me lembra muito meu primeiro ano de moto no Sertões, quando nós saímos de Campos do Jordão e chegamos em Natal. Aliás, os oito anos que fiz de moto. Até mesmo pela coisa dos movimentos de braço e perna. O mais legal é que nós estamos agora inaugurando algo fantástico, todos os esportes que não usam motor a gente tem que de alguma forma incentivar. Aqui nós estamos mais sujeitos às condições climáticas. Para mim está sendo um aprendizado gigantesco. O que eu trago do rally é saber dosar a energia para um percurso de longa distância, a resistência é que vai fazer a diferença".
Alex Buchheim
"Hoje mesmo fiz uma escolha errada do tamanho do kite para as condições do vento e não consegui superar uma entrada de rio em Fortim. É como largar para uma especial na chuva com pneu para o seco na moto. Tanto na terra quanto no mar o rally não é a prova do mais rápido, do mais maluco; é de quem erra menos, de estratégia, de quem é constante, poupa o equipamento e o corpo".
Luís Haas
"É uma ideia genial o evento, já é um sucesso você colocar 80 kites para velejar. E é muito interessante criar regras de rally para um esporte normalmente no formato regata. Não se compara em nada com o estresse de dar conta de uma equipe, eu aqui as vezes até me esqueço de ligar o celular".
Reno Romeu
"Nos dois primeiros dias o joelho sofreu, hoje foi o braço. Tive de vir bombando muito (movimento para mover o kite e aproveitar melhor o vento). Como se costuma brincar, a prova só termina quando acaba, ainda tem muito velejo pela frente".
Francisco Sales
"Foi um dia de muito trabalho com o vento fraco, mesmo de kite grande. Se você fosse em direção à beira ficava na areia. Bom que eu consegui terminar mais à frente para tentar subir na classificação".
Marcela Witt
"Estava muito difícil, especialmente no começo, prestei atenção nos tops e por onde eles passavam e procurei seguir. Velejei com kite grande, prancha bidirecional por causa dos bancos de areia, é uma combinação a que não estou acostumada. A gente perde um pouquinho ali, ganha aqui, mas deu tudo certo".
Fernando Fernandes
"Não consegui terminar, logo depois da saída tive de desistir por causa do vento, isso é o rally. Mas só de estar aqui velejando, vivendo tudo isso é uma experiência e tanto, a gente veio para se divertir".
Atrativos de algumas das cidades do 3º. Dia (12/10)
São Gonçalo do Amarante
A apenas 60km de Fortaleza, a cidade em que se localiza o Porto de Pecém é também cenário de praias paradisíacas (com dunas, lagoas e mar esverdeado) e um sertão rico em patrimônio histórico e cultural. A Praia da Barra, junto à foz do Rio São Gonçalo, é considerada ideal para a prática do kitesurf.
Amontada
A cidade cada vez mais se consolida como destino turístico nacional. Com o asfaltamento da CE-176, o acesso foi facilitado. Icaraizinho, que recebe a caravana do Sertões Kitesurf Rio Grande do Norte mantém a característica de vila de pescadores, mas hoje também reúne os amantes dos esportes de vento.
Resultados 3ª. Etapa Sertões Kitesurf Rio Grande do Norte
Canoa Quebrada / Uruaú (CE) - 60km
Elite Masculino
Elite Feminino
Adventure
1.Gustavo Foester 2h35min10
2.Eduardo Hargreaves 3h27min40
Master
1.Fernando Giestas 3h36min09
Roteiro Sertões Kitesurf Rio Grande do Norte
08/10: CHECK IN São Miguel do Gostoso/Touros (RN) – Kauli Kite Center
1ª. Etapa - 09/10 - sábado:
São Miguel do Gostoso/Touros (RN) > Guamaré/Praia do Minhoto (RN) – 92 KM.
2ª. Etapa - 10/10 - domingo:
Guamaré/Praia do Minhoto (RN) > Icapuí/Praia da Placa (CE) - 130KM.
3ª. Etapa - 11/10 – segunda-feira:
Icapuí/Praia da Placa (CE) > Beberibe/Praia das Fontes (CE) – 87 KM.
4ª etapa - 12/10 – terça-feira:
São Gonçalo do Amarante/Porto do Pecem (CE) > Amontada/Praia de Icaraizinho (CE) – 127 KM.
5ª etapa - 13/10 – quarta-feira:
Amontada/Praia de Icaraizinho (CE) > Preá/Cruz (CE) - 97KM.
14/10: CHECK OUT – Preá/Cruz (CE) – Rancho do Kite.
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O primeiro rally de kitesurf chega ao fim, mas personagens que fizeram a história do esporte são sempre destaque. Velejador experiente, carioca Boyzinho hoje também tem outra missão nas águas. No maior curso de água doce do planeta, trabalha como prático e conduz a aproximação de navios aos portos.
Primeiro rally de kitesurf de longa distância do mundo chega ao fim no paraíso do esporte para fazer história. Após 500km, cinco dias de disputas e muita aventura, os cariocas Reno Romeu e Marcela Witt ficam com os títulos na Elite.
O maior rally aquático do mundo é aberto a todas as idades. Com apenas 10 anos, cearense Kauan Esmerino mostra talento precoce para o esporte e não se intimida com o desafio. Esta quarta-feira é dia de Grand Finale: Preá vai consagrar os primeiros campeões da história da prova.
Denise e Pedro Hajjar vivem a emoção de participar do desafio juntos. Segunda etapa disputada neste domingo, foi desafio de resistência na Elite. Reno Romeu vence a etapa, Yaron Moura segue líder. Competidores largam nessa segunda-feira de Icapuí rumo a Beberibe.