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Falta pouco para o início da mais nova prova do Mountain Bike Cross-Country brasileiro, o Sertões MTB Pirenópolis (5 a 7 de maio). Se os percursos desenhados para as diferentes categorias prometem exigir bastante força nas pernas e habilidade, as belezas da região são de encher os olhos e têm tudo para inspirar a busca pelo fôlego a mais que pode fazer a diferença ao fim dos três dias de pedaladas.
Unir desafio e visuais privilegiados não é uma novidade no Sertões. Precursor das demais variantes, o rally, ao longo de suas três décadas, revelou verdadeiros tesouros escondidos nas imensidões brasileiras. Uma preocupação mantida no MTB, que atravessará as trilhas e estradas em torno da histórica cidade goiana, situada em meio à Serra dos Pirineus, que lhe deu o nome. Subir e descer, aliás, será uma constante no Prólogo e nas duas etapas.
Para selecionar o que há de melhor em 'Piri', hoje uma das mecas do mountain bike brasileiro, a equipe técnica do Sertões MTB Pirenópolis, formada por Cadu Sachs, diretor geral e de prova, e Daniel Spolidório, diretor técnico, contou com um auxílio luxuoso: o de Raiza Goulão. Nascida na cidade, a ciclista é hoje a primeira atleta do país no ranking da União Ciclística Internacional (UCI) e mostrou, literalmente, o caminho das pedras, já que elas não faltarão do primeiro ao último quilômetro.
Outro ponto 'importado' do rally é a escolha de nomes para os dias de prova, capazes de contar as histórias e curiosidades dos locais atravessados e trazer um bocado de poesia para a poeira. Histórias, lendas e poesia, aliás, não faltam ao longo do Sertões MTB Pirenópolis, para tornar sua primeira edição ainda mais marcante.
As etapas
Prólogo/ “Tesouros”
16,54 Km/ 402m de elevação
A primeira etapa do Sertões MTB Pirenópolis pode enganar como a promessa de encontrar ouro nas montanhas. Quem vê sua distância logo pensa que ela pode ser fácil por ter apenas 16 km. Mas é sua altimetria e o terreno pedregoso que deixam a prova mais dura que uma pepita dourada.
Logo de cara, os competidores enfrentam uma enorme subida com a assinatura das trilhas pirenopolinas. Mas nem tudo é perrengue. Assim como na busca por pedras preciosas, a glória chega para os mais perseverantes. Depois do íngreme desafio, trechos de single track e descidas técnicas deixam tudo mais dourado como a vegetação do cerrado.
Belas subidas e descidas, assim como prata da casa de Piri e atleta olímpica, Raíza Goulão, são de fato tesouros de Pirenópolis. Mas não é só por isso que o prólogo dessa aventura leva esse nome. Isso porque uma parte da prova passa pelo Morro do Frota, um local que esconde uma história de caça ao tesouro que virou lenda em Piri.
O morro era propriedade de um famoso garimpeiro da região. Para fugir dos impostos cobrados pela coroa, Antonio Frota escondia seu ouro em garrafas enterradas na terra e as mantinha em segredo absoluto. Mas, como toda história de ganância, Frota acabou perdendo sua fortuna. Após a bancarrota, há quem diga que as garrafas ainda perduram a sete palmos do morro, sendo buscadas até hoje por caçadores de tesouros.
Se existe ouro na etapa “tesouros” do Sertões MTB Pirenópolis, não dá para saber. Mas que os competidores irão encontrar “garrafas douradas” no final da prova, pode apostar!
Descrição técnica:
Percurso extremamente prazeroso. Distância total 16km dos quais 10km de trecho cronometrado que engana, já que é muito técnico e começa com uma subida logo de cara, seguida por um trecho mais pedalável e depois muito single track. Do meio para o fim predomina trecho em descida bastante técnico. Os competidores poderão entender o terreno e quais são as características das trilhas de Pirenópolis.
Etapa 2/ “Pirineus”
PRO: 59,54 Km/ 1.561m
Sport / E-Bike: 39,09 Km/ 1.238m
Apenas mais uma palavra para quem escreve, mas um grande desafio para quem pedala. Se desse para resumir o segundo dia do Sertões MTB Pirenópolis em uma palavra, ela seria: subida! Também pudera, esse é o dia com a maior altimetria da prova, tanto no percurso completo, como no reduzido.
É subida de todo jeito e para todas as categorias. Na Pro, tem subida em trecho rolado de estradão após o segundo ponto de hidratação. Seguida de subidas em estradas acidentadas e subidas em serra até terminar em…subida de novo.
Na Sport, a pedreira é mais ou menos a mesma. Logo após o segundo ponto de hidratação, é subida “pra mais de metro” em trecho de serra e um último terço de prova para ficar ligado nos sobes e desces. A parte boa é que serão single tracks bastante prazerosos e ensolarados.
Nas E-Bikes a prova inicia em trecho rolado com uma subida das longas, seguido de subidas técnicas no trecho do desafio Strava, mas logo encontra um visual fantástico e uma descida em trechos de lajes. Dia para os E-Bikers ficarem de olho na administração da bateria.
Pois é, com tanta subida assim, não dá para falar dessa etapa de Pirenópolis sem falar de seu monumento mais alto: a Serra dos Pireneus. O ponto com maior altitude da região é o cenário de boa parte da etapa e, por muito tempo, sua altura foi um mistério para os brasileiros. Ninguém sabia sua medida exata.
Isso até um grupo de cientistas em 1892 finalmente cravar a altitude do gigante de Piri em uma expedição que buscava o local ideal para a construção de Brasília. São precisos 1.385m de altitude. Já na etapa “Pirineus” não tem mistério, é encarar as subidas e contemplar o cerrado rupestre, as nascentes e veredas da maravilha que dá nome ao segundo dia do Sertões MTB Pirenópolis: o Parque Estadual da Serra dos Pirineus.
Descrição técnica:
PRO
Logo após a segunda hidratação os ciclistas encaram um trecho de estradão bem rolado com muitas subidas, seguido por um trecho de serra com estradas mais acidentadas; a subida continua muito presente. Continua por um misto de single tracks e estradas secundárias, até emendar no ponto de hidratação com o percurso curto e o restante dos atletas.
Sport / E-Bike
Logo após o segundo ponto de hidratação a prova segue por um trecho de serra curto, com o sol bastante presente. Cerca de 2,5 quilômetros depois aparece outro ponto de hidratação. A estratégia no último terço de prova promete fazer toda a diferença e, por isso, é importante prestar atenção na altimetria.
Para as E-Bikes, começo de prova mais duro, seguido por uma descida técnica com algumas lajes, bastante prazerosa para encarar de E-Bike. Segue por um trecho mais rolado com uma subida bem longa. Será o dia mais crítico para administrar o consumo da bateria. O trecho do Desafio Strava é de subidas técnicas e lembra os Power Stages do Mundial de Enduro.
Etapa 3/ “Caminho de Cora”
PRO: 56,49 Km/ 1.390m
Sport / E-Bike: 37,25 Km/ 1.076m
A última etapa do Sertões MTB Pirenópolis é linda e complexa tal qual uma poesia. Recheada de trechos diferentes entre si que pedalados até o final contam a história de beleza e superação da primeira prova do Sertões MTB nas charmosas trilhas de Piri.
O primeiro verso dessa poesia pode assustar, a prova começa com uma grande e dura subida por estradas de serra, mas logo encontra seu momento mais prazeroso: sonetos de single tracks que rimam com perfeição com a exuberante vegetação do cerrado goiano. Soa como poesia para os amantes do ciclismo de montanha.
E os singles tracks continuam no mar de pedras que dá cara às trilhas de Pirenópolis, agora com altimetria crescente, até chegar ao ponto mais alto da prova e então descer entre as pedras como a caneta de uma poetisa que desliza sobre o papel para, enfim, chegar ao seu final como se chega ao final de um poema: com o gosto de quero mais.
Com tanta poesia envolvida em uma só prova, não podemos escapar da coincidência da etapa final do Sertões MTB Pirenópolis ser boa parte percorrida no “Caminho de Cora”. Uma trilha baseada em livros e relatos da literatura goiana, que leva o nome de uma de suas maiores figuras: a poetisa Cora Coralina.
E nas palavras de seu poema “Aninha e suas pedras”, um resumo da sensação que deve ficar ao final desta prova: “Ajuntando novas pedras/ e construindo novos poemas. /Recria tua vida, sempre, sempre/ Remove pedras e planta roseiras e faz doces. Recomeça.”
Descrição técnica:
Inicia com subida de serra por estrada, bem dura. Na sequência começa um trecho muito gostoso de single track com pedras em meio à vegetação do cerrado, muito bonito – uma das trilhas mais prazerosas de Pirenópolis. Continua subindo por estradas e single track até chegar a um dos pontos de maior altitude do dia. Segue por estradas até o ponto de separação dos percursos Pro e Sport / E-Bike, no km 16. A PRO faz uma alça por estradas e no último terço da prova retorna aos singles tracks, com pedras, descidas um pouco mais técnicas, até terminar com gostinho de quero mais.
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